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Mostrando postagens de dezembro, 2016
Agradeço por não estar escrevendo no papel. Tá tudo tão rápido, a cabeça mais a mil do que jamais estivera. Os pulsos atacados de tendinite não acompanhariam. “O poeta é poeta não por amar, mas por sofrer de desamor”. Compus essa pequena frase há quatro anos. Não acredito mais nela, apesar de tê-la escrito como verdade. Eu sou outra. Não queria falar de desamor. Essa palavra não me corresponde. Quero falar de palavras. Quero escrevê-las para leitura posterior. Não é como se não houvesse me apaixonado perdidamente outras vezes. De maneiras intensas, como em uma avalanche. Passei dores, chorei até parecer secar. Não aceitei términos, mesmo sabendo que naqueles casos que não havia retorno. Não compreendi razões, concebendo a ideia da desrazão de se apaixonar. Perdi sono, perdi fome, perdi tesão, perdi  vontade de sol sobre a pele. Recorrendo ao clichê, como não poderia deixar de ser, dessa vez está tudo diferente. Perdi minhas formas, perdi minhas fronteiras. Sou um espaço desfo
Das vezes que transito pelo espaço público, sinto frequentemente que conheço praticamente todos os desconhecidos. Eles guardam em sua superfície uma semelhança esdrúxula. -Eu já conversei contigo. Penso ao ver uma meia dúzia de moças e moços em cinco minutos de caminhada pela calçada.- Eu já te vi em algum lugar. - Eu já peguei ônibus contigo. São meras impressões. Mas são assustadoras. Conhecer os desconhecidos é pura fantasia poética. Não se conhece nem quem se pensa conhecer.
Sonhos da semana passada e suas variações Segunda-feira Boa parte do sonho constitui-se apenas de sons de carros e caminhões passando. Sinto o vento na pele do rosto. Sinto frio, muito frio. Braços quentes me envolvem. Vejo a BR 116 e a Estação São Luis por entre braços. Estão vestidos (os braços) de preto, um casaco de lã fina. Estou no aconchego de um abraço quente, meu coração está acelerado, mas não sinto medo. Olho pra cima e vejo seus olhos, seus grandes e castanhos olhos a me olhar, com as sobrancelhas franzidas como se deixassem um pensamento escapar pelas rugas da testa. Enfio a cara novamente em seu abraço. Acordo abraçada em um travesseiro molhado, não se se por lágrimas ou suor. Terça-feira Estou no mesmo ponto do sonho da noite anterior. Saio de seu abraço. Estamos conversando não sei o quê: ela olhando pra passarela, eu olhando pra ela. Ela vira o rosto, e seus olhos atravessam minha cabeça, atravessam meu crânio. Penso no sonho: nós terminamos, isso é um sonho; e
Onde ficaram as nossas promessas? Em que parte da estante eu guardo os arrepios na espinha? Com qual marca texto eu ressalto teu bilhetinho (que ainda não tive a coragem do descarte, e por medo de assaltos, deixo em casa para ler no final de todos os dias)? Com qual borracha eu apago as tuas impressões no meu corpo? Qual chá de boldo repara os apertões no fundo da barriga? Com quantos dedos contos os dias que não virão Os abraços que não darei Os beijos pelos quais ninguém mais se interessa Qual cardiologista visito para abortar esse contrair errante dos ventrículos estúpidos Contraem contra minha vontade. Qual nosografia apaga a memória Faz com que não me afete Desinfete Qual sapato calço se meus pés estão pequenos, sumindo no caminho? Cada passo, mais próxima do cadafalso Cada tiro, cara a cara com o delírio Cada parada, uma memória parda Cada cigarro aceso, o fim dado pelo recomeço Pra uma, um milhão Pra outra, nem perdão Onde ficaram as nossas promessas? Em
Sim. A dor me arrebenta o peito. Mas fiz diferente dessa vez: não me escondi nas folhas de mata-borrão, não escondi minhas lágrimas escrevendo, embora escreva com dor. Sim. A dor me arrebenta o peito. Não é exagero. Ela realmente arrebenta: é uma dor física. É ter 4 princípios de infarto por dia. É não conseguir dormir por horas, rolar na cama, fechar os olhos e vê-la na escuridão das minhas pálpebras. É lembrar de seu toque, é sorrir com as piadas de outros dias. Sim. A dor me arrebenta o peito. Não sei controlar essa bosta. Meus dias veem sendo, quando bons, apenas suportáveis. Não me preocupo mais em fingir. Quando fica muito insuportável eu estudo. Estudo como se minha vida dependesse disso para se manter. Estudo como se os livros fossem caverna segura da chuva. Estudo como quem come um prato de comida após jejum involuntário de 92 horas. Estudo na ânsia de enganar meu cérebro. Leio até a exaustão, penso até a exaustão. Poderia dormir logo após tanto exercício mental. Mas nã

Sem coragem de Pular parte 3

Por enquanto, não quero narrar-me narrar-te. Não quero mais expor aquele momento. Passei por ele com minhas milhares Com minhas múltiplas. Não quero apreender nada na linguagem. Não quero lembrar, relembrar, recordar, recordis, reafirmar o que senti. Quero sensação, não repeteco. Quero sensação, não simulacro. Escrever é lembrar. Recontar é simular. Não quero simular Quero dissimular, dessimular, de-simular, des-si-mular, não mular-me, desmular-me. O fato é que pulei, pularia de novo? Não sei. Pularia? Quem sabe. Quem sabe. Quem sabe. Quem sabe. Quem sabe? Tu sabe? Eus sabem? Ninguém. Devir.
Maquinaria do diabo, passando e repassando na minha cabeça. Como faz? Como recria?  Não tenho paciência pra recomeçar. Nem eu. Não conseguiria, mesmo se quisesse. Talvez tenha mentido, não para convencâ-la, mas para reafirmar-me. Eu quero Eu quero Eu quero. Eu quero? O único jeito é esgotar a sensação. É esgotar o sentido, é fazer o significante uma peça fraturada, que não transmite nada, da qual os clientes se afastem. É sentir a tal ponto até perder o sentir, até tornar-se vazio. Até esvaziar-se de novo, e de novo e de novo. Como o resto de todos os dias, que são iguais em seus eventos cotidianos e deprimentes. É tornar mais um na coleção dos dias. E como faz? Seguindo a própria fórmula ora bolas! Pra cada promessa quadrada, pra cada traição de si mesma apenas pela outra e pelo desespero infantil de perder o momento. Pra cada uma delas. Dessas. De todas outras. Um piti. Uma reação descompassada, um jogar a culpa na outra. Chamar de covarde. Não que isso sej
Me conte olhando pro lado dos momentos de vitória, dos momentos de derrota. De quando se achou feia e teve vergonha de tirar a roupa. De quando não sabia quantos dedos enfiava. De quando se excitou conferindo o troco diante da caixa tesuda. Me conte olhando pros próprios pés da iniciação com um homem. Do momento que teve que dizer pros primos que não iria dar pra eles porque gostava mesmo era de xota. Da festa tão linda, em que estava vestida como uma princesa podre de bêbada e peidando baixinho nos cantos. Evoque suas memórias irreais, invoque-as para recontá-las, para fazer o momento voltar a passar pelo coração, e recriar o fato, reafirmando a identidade. Me confesse o silêncio inconfessável. Me conceda sinal para criar intensidade desconhecida junta no silêncio e no frio da lajota. Me abrace quieta, não olhando pra mim, de pé pra latejar varizes de 24 anos. Me tome, se embriague, ou me vomite. No momento em que lembrar não é coerente, que falar é um ato vazio. Quando a linguagem n
Talvez a dor seja sentida pela repetição. Está doendo. Está doendo Está doendo. Está doendo. Está doendo. E dói. E se não for assim? E se a engrenagem da dor for outra? Faz tempo que sinto a dor de um jeito frio. Sinto falta daquelas dores que me rasgam, que fazem com que queira ser as mulheres troianas do Cacoyannis, jogando terra na própria cara. Mas isso não evoca a dor. Evoca o irracional, o que extrapola o que estrangula, o que verte, o que goza  o corpo inteiro, pois não sabe se portar. Não quero dor, quero o irracional do que eu não controlo. Quero as sensações desconhecidas e ambulantes. Se for pela dor, que seja, mas que não seja nomeável como dor. Imagina a merda da vida de um Brás Cubas, em torno do emplastro, sem chegar a resultado nenhum, sem ter comido quem queria. Gosto do Machado, realmente gosto. Ele tem estratégias de linguagem que sempre me prendem. Mas venho lendo-o com certo tédio. O final pessimista vem me irritando. Talvez não seja de toda pessimista, talvez mi

Outros sonhos

O amigo em questão dividira comigo uma experimentação. Depois do teto, nunca mais nossa amizade fora a mesma. Sonho primeiro (dois dias depois do teto supracitado) Estou sentada no chão do quarto do amigo em frente a um espelho. No sonho, tínhamos tomado um quarto de papel que ainda não tinha batido. Vejo ele de pé através do espelho. Ele olha pra mim com um olhar malicioso, sorrindo de meia boca. Me assusto e ele percebe, abrindo um sorriso inteiro e tenebroso. Olho para trás, e ele está mexendo no notebook sentado em uma cadeira. Olho novamente para o espelho, ele ainda sorri de pé, e me abana. Sonho segundo (uma semana após o teto) Estou na passarela da estação São Luís para me suicidar. O amigo me segura pelo braço e me questiona porque estava fazendo aquilo. Eu olho para a rodovia lá embaixo, falando de meus problemas. Sinto que ele me olha, e percebo que está sorrindo. Viro o rosto e ele está muito sério, prestando atenção. Volto a olhar pra rodovia, e sinto nova

Mais um sonho

Sonho que estou em uma casa familiar, de pessoas conhecidas. Existem duas mulheres no sonho, uma mais velha e uma mais nova. A mais velha cuida de um menino de 8 anos. O menino dorme em seu quarto e eu entro sorrateiramente, abro a gaveta do criado-mudo e roubo um óculos escuro de armação azul. Saio do quarto arrependida de ter roubado. Espero o menino sair do quarto, entro sorrateiramente e devolvo o óculos ao lugar do qual o havia retirado.

Ainda nos sonhos

Sonho de  um dia após do término Estava num bar de paredes bordôs. Eu estava grávida, mas não sabia de quem era o filho. Estava bebendo um On the Rocks , três pedrinhas, sem água, como sempre peço. Reparo subitamente que era um bar que fui com amigos de antigamente, o General Street, atual Quiosque Brasil na Cidade Baixa. Pedia conselhos a um desconhecido sobre minha gravidez. Chega a minha penúltima namorada. Senta-se a mesa e me questiona sobre como conseguira engravidar. O estranho levanta. Respondo que engravidara com o dildo. Tomo um tapa na cara e sou chamada de debochada. Ela levanta e chama atenção de todos do bar, me gritando impropérios, dizendo entre outras coisas que eu era uma mulher insuportável e que apenas uma pessoa muito desequilibrada e sem nada melhor pra fazer iria querer transar comigo, logo após, sai do bar. A atendente chega até mim e me oferece um copo de água. Ela não tem rosto. Me assusto e saio correndo do bar. Chego na calçada e não há mais nada aberto.

Sonhos de semana passada

Sonho-remember Estava no ônibus, na BR 116 bem próxima da Universidade. Olhando as  linhas retas dos puta-merdas amarelos e as cabeças voltadas pra frente, virando o rosto e encarando o asfalto com faixas brancas intermitentes que de longe simulam infimilímetros de exatidão, tenho uma epifania que me toma o peito acerca da leitura de Vigiar e Punir, de Foucault. Chego na Universidade, dirijo-me atordoada para a orientação, despejando frases desconexas para a minha orientadora, que me olha assustada. A cena se passou no Universo onírico tedioso da vigília, cerca de um ano atrás. Ao acordar, percebi que esquecera qual era a epifania do acontecido de antes que repetiu-se em sonho. Antes do término Sonho com minha namorada (atual ex, no sonho ainda namorada). Estávamos brigando, ou apenas conversando energicamente. Estava noite. Procurávamos um lugar para ir, me convida para sua casa. Sua casa era de madeira, mais alta que o terreno. A mãe, tinha a mesma idade que ela, o

Rima Pobre ou Por uma Rima Menor (Beijos Kafka! Mimoso!)

Rima pobre   Verso pobre      Poema pobre                                            Meu verso é tolo, não é nobre Rima torta    Verso torto       Poesia torta                               Minha coletânea triste serve por agora Rima pequena    Verso menor       Poesia pequena                          Minha escrita não contagia, é pasma e serena Rimo com paixão    Verso com paixão       Profetizo com paixão                         Minha escrita nada vale, mas valeu a intenção.

Ode à Lisbon Revisited e ao Poeta Maior (ou seria Ode à Poética e ao Poeta menor?)

Estou totalmente sem paciência Para aprender a escrever com excelência Totalmente sem paciência De ler sonetos decassílabos Do dialeto morto das tribos De ser poetisa (?) sem eloquência (!) Cansada, enfastiada, exaurida Foi-se embora a conivência Aliadas de frases tortas Poemas oníricos sem laudos de demência Lisbon Revisited habita em mim Decepção fecundou minha escrita Porém trouxe consigo a alma maldita E o colapso criativo chegara ao fim (?) Para os confins da terra irei Poucos pertences levarei Se folhas em branco forem ao meu lado Pra esta banda jamais voltarei.

Ode aos Grandes Mestres

Pinta Dali, volta a tela tua E diga a Federico que vosso amor Desabrigou-se: agora jaz na rua Pinta Monet, volte a tela tua Pinta teu amor envolto de flores bonitas Já que moça nunca será sua Escreva Bandeira, escreva Com pouca saúde já não se ilude Que dessa vida tu te atreva Componha Vivaldi, componha À luz e à sombra, ao ódio e ao amor Que escondes com vergonha Ode aos meus Mestres! Ode para a vida e para a arte! Óh, mestres grandiosos! Peço a vós um pouco de inspiração Para tecer estes versos odiosos!

Elegia á Caetano

Qual ciência explica O que não cabe nas palavras? Nine of ten movie stars make me cry I'm alive e vivo, vivo, vivo, vivo muito Por que nem tudo cabe nas palavras? Pegarei a agulha para coser Sentença em sentença Até alcançar o sentido dançante De todos os poros e todas as superfícies Até passarmos pelo brigadiano Segurarei a respiração gelada Estará confinada nos pulmões mortos. Se você olhar pela janela Verá a fumaça do meu escapamento Arruma as malas, venha! Não tarde a amarrar suas fitas God....spoke to me... You are my sun. Te espero no pé da escada Enquanto te enfeitas com cores Não esqueças dos detalhes Que são a morada da transa.
No mapa do mundo A escala está errada O geógrafo áspero reajusta O que leu com os pés Decifrarei as fronteiras do nada Com a ponta de minha língua E as curvadas ladeiras do país Serão escritas nos muros Já não se parece mais com nada Maria não é mais o inverso Do reflexo de espelho d'água Se olha, mas não se reconhece Não é o reflexo que é oposto É Maria que está ao contrário Do que fora cinco minutos antes Mas e agora, quem é aquela no espelho?
Gostaria de contar dois ou três causos que vem me acontecendo. Eu tenho andado na mentira. E que ética eu apontarei? E como poderei eu justificar-me perante amigos (aqueles os quais  teoricamente, não deveriam ser poupados de minhas verdades)? E como será a realização desses instantes de socialização após as lombas? E quando tudo estourará? Estourará? Se o pano de fundo é esse tal de narrar-se, vou-me narrando. A barreira borradada entre o real e a mentira é o que redime a culpa. E em quantas quantos eu irei esbarrar pelos corredores? Em quantos macios tapetes terei de embolar os pés? Em quantas colunas mais terei que quase atropelar-me? Com quantas outras caras terei de me confundir? Eu vivo a síndrome do camaleão que molha a pele sob os pingos de chuva.
Deixei? Permiti? Não deixei Me permiti Permiti todo o que chamara de ridículo Expus-me quase na manchete Falei de tudo que não devia De todo o tudo que escondera Privei-me Privei-me de comportamento Mas ardia Ardi Ardo E continuarei ardendo Privei-me de perguntas, pois já fora rechaçada ao perguntar Privei-me de vontades, pois estávamos aprendendo a desviciar Privei-me de álcool por solidariedade Privei-me de erva por recomendação acatada Privei-me de senso Privei-me do que prometera Privei-me Mas ardia Ardi Ardo E continuarei ardendo Dediquei-me na elegia Me expus Me expus como prometera não fazer Através da poesia Mas se dediquei Se expus Foi por não privar-me Pois ardia Ardi Ardo E continuarei ardendo Entreguei com cautela Entreguei nada além de pedaços Pois estava aos pedaços Estava nos cacos Estava me remendando Estava me reunindo Mas entreguei Como um carteiro Entreguei e estava aprendendo a entregar Aprendendo a pisar Aprendend
Pungente vontade de compartilhar o que sempre fora meu Fiz Não arrependo Compartilhei, mesmo sendo arremedo Poesia de começo De paixão Quis ser lida na minha língua mais profana Mais escondida Mais íntima E mostrei Escrevi algumas linhas. Duas páginas Uma folha Em papel colorido de joaninha Com letra cursiva Bem desenhada Reescrita várias vezes Mostrei o que havia de meu, de só meu e meu só Venci o medo de parecer pueril Recitei as de outros autores As que achava mais belas Recitei Neruda Recitei Bandeira Emprestei Pessoa Mas a dor foi de escrever Deborah Escrevi todas as sensações pequenas Comparado-as com flores, com orvalho Escrevi-as de peito aberto e mente inquieta Escrevi-as como se não soubesse me dizer de outro jeito Me escrevi Deborah Me mostrei escrita pela primeira vez E meus versos foram lidos Depois guardados em um roupeiro Dobrados em três partes Não sei a releitura Não sei a sonoridade Escrevi nós duas dizendo "Tem que ser do

Sem Coragem pra Pular parte 2

-Que rufem os tambores da selva pra ti, que virou uma letra seguida de um ponto sem rosto e sem outras coisas mais, covarde, escondida, pseudo- rebelde. Tua alcunha? M ponto ( = M.) (Entra sonoplastia com tambores rufando) -Antes de mais nada, minha querida plateia de um homem só que por curiosidade esteja aqui....preci.... Chamam no ponto, peraí. ( O que você está fazendo?) OOOOO diretor filha da puta, legista do IML, quero contar minha historinha depois de tanto tempo guardada, a última vez foi em um picadeiro comendo pipocas e vendo uma decrépita gritar por causa de mim. Hoje sabemos que somos várias, de espécies diferentes, mas que eu não se livrará tão fácil do que tenho a dizer. Principalmente quando eu descobriu que não existe autor ( pela letra do Foucault), e me liberou ainda mais com esses filósofos chapados que eu lê. Voltemos! - Querida plateia, chutei o legista do IML. Ele é frio, ele chora, ele chora pelo amor perdido. e é ele msm. Só algo do gênero masculino poderia

Postado no antigo blog. Data original de escrita: 20/04/2015

6 Todas as linhas convergem num nevrálgico ponto. Pode ser a luz da brasa do baseado no escuro, o ponto final no título da poesia ou aquele ponto sensível na vagina. Do ponto surgem infinitas linhas tortas que dão risada da minha cara. Na cabeça dos outros, tudo isso é uma grande bobagem. Não ponho na minha cabeça a cabeça os outros: não dá tempo. Ouvi os xingamentos e nem dei importância. SIM tenho 23 anos (22? 24? nem lembro...) e meu quarto reflete minha mente: desordem e alguns insetos mortos. SIM, vou deixá-lo exatamente como está. Essa obsessão injustificada pela arrumação da casa no infinimilímetro. Use a régua, use duas pra garantir (a de 15 cm no cu e a de 30 na boceta ou vice- versa: seus orifícios, suas réguas). Chama do que queiras... mais alto que daqui eu não te ouço .... O QUÊ? - A régua está na segunda gaveta. Demorei muito pra perceber: enquanto tu me enches a porra do saco com essas bobagens, eu estou muito preocupada pensando nos pontos, nas crases, nos quartos

Postado no antigo blog. Data original de escrita: 20/04/2015

5 Tu no meu meio e eu sentada. Experimentei uma viagem incrível num cosmos de cores. Bateu um certo pavor quando a cabeça começou a cair fora de meus domínios e a cuca bateu junto com o coração. Puta que pariu, como volta? Voltar pra quê? Ah, que maravilha essa tua língua! Teus fios de cabelo são tão finos que preciso tocá-los com muita cautela para não arrebentá- los. E eu já nem enxergo. A testa encosta no azulejo gelado e rodopio. Rodopio por falta de palavra melhor. Sendo sincera: sou tragada do tempo e do espaço e vou caindo no nada. No fim, confiro o pulso: faltou uns fios de cabelo pra não infartar.

Postado no antigo blog. Data original de escrita 10/07/2015

4 Roubaram-me as palavras: perdi, me perdi nas línguas de falar sensações. Roubaram-me a cara: perdi, me perdi nas caras e nas bocas, nos olhares ao alto. Roubaram-me a alma; perdi, me perdi nessa palavra catavento cataventos cataosventos, cata a todos nós. Roubaram-me e já não me pertenço, não me possuo, não me domino. Ou será que fui eu que me roubei? Ou será que eu me furtei que eu me assaltei a mão armada, nas esquinas escuras do meu bairro? Ou será que deixei o estúpido pássaro roubar todas as vertigens, todas as migalhas, todo o aconchego do ninho? Ou, ou, ou... E como se administra, como se entende, como se convive com esses espaços que tomam forma, que tomam vida dotada de alma, de razão...de RAZÃO NADA! Para a razão porra nenhuma! A solidão é esse pequeno monstro amigável que me presenteia com consciência. Eu preciso, desesperadamente, desse monstro livre, solto, de cabelos ao vento e genitálias desimpedidas. Existe na minha pele um conjunto suprem