Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2017

Cotidiano

Desde sua entrada no ônibus eu senti medo loucamente, de um não sei o quê de despersonalização. Não me lembro bem das cores da condução, embora suas lanternas traseiras fossem compridas e vermelhas, seguindo a ordem simétrica dos frisos na lataria como em um filme latinoamericano. E ela foi. Foi embora. Ela, que tem ou teve muito de mim, ela que fui eu, que sou eu, que hoje é ausência. Embora o costume faça uma morada amarga nas esquinas pouco movimentadas da minha cabeça, em lugares conhecidos ainda olho para todos os lados como criança perdida da mãe, espantada pelo desconhecimento dos caminhos e dos lugares. Percorro pela décima, décima primeira, décima segunda, décima terceira, décima quarta, décima quinta até as centésimas vezes as ruas que já percorri a anos, meses, semanas, ontem. Elas ainda guardam o frescor da novidade, embora não as reconheça mais. Talvez seja uma síndrome que acometa mais frequentemente pessoas que retornam ao lar após saídas estranhas e promessas de não-reg