Talvez a dor seja sentida pela repetição. Está doendo. Está doendo Está doendo. Está doendo. Está doendo. E dói. E se não for assim? E se a engrenagem da dor for outra? Faz tempo que sinto a dor de um jeito frio. Sinto falta daquelas dores que me rasgam, que fazem com que queira ser as mulheres troianas do Cacoyannis, jogando terra na própria cara. Mas isso não evoca a dor. Evoca o irracional, o que extrapola o que estrangula, o que verte, o que goza  o corpo inteiro, pois não sabe se portar. Não quero dor, quero o irracional do que eu não controlo. Quero as sensações desconhecidas e ambulantes. Se for pela dor, que seja, mas que não seja nomeável como dor.

Imagina a merda da vida de um Brás Cubas, em torno do emplastro, sem chegar a resultado nenhum, sem ter comido quem queria. Gosto do Machado, realmente gosto. Ele tem estratégias de linguagem que sempre me prendem. Mas venho lendo-o com certo tédio. O final pessimista vem me irritando. Talvez não seja de toda pessimista, talvez minha eletricidade não consiga irracionalizar-ser nas páginas de Machado. Venho achado seus personagens tediosos, suas mulheres incomíveis, seus homens pseudo-passionais. Gosto do conflito moral. Gosto da forma. Mas descobrindo a forma e lendo alguns contos escolhidos, perdi o tesão. Exatamente no momento que, na leitura do terceiro conto, já sabia o final, pois já descobrira a forma.

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