Me conte olhando pro lado dos momentos de vitória, dos momentos de derrota. De quando se achou feia e teve vergonha de tirar a roupa. De quando não sabia quantos dedos enfiava. De quando se excitou conferindo o troco diante da caixa tesuda. Me conte olhando pros próprios pés da iniciação com um homem. Do momento que teve que dizer pros primos que não iria dar pra eles porque gostava mesmo era de xota. Da festa tão linda, em que estava vestida como uma princesa podre de bêbada e peidando baixinho nos cantos. Evoque suas memórias irreais, invoque-as para recontá-las, para fazer o momento voltar a passar pelo coração, e recriar o fato, reafirmando a identidade. Me confesse o silêncio inconfessável. Me conceda sinal para criar intensidade desconhecida junta no silêncio e no frio da lajota. Me abrace quieta, não olhando pra mim, de pé pra latejar varizes de 24 anos. Me tome, se embriague, ou me vomite. No momento em que lembrar não é coerente, que falar é um ato vazio. Quando a linguagem não te enquadrar, quando você só souber sentir: não porque estejas constrangida, mas sim porque de tanto sentir só falará ou pelo silêncio, ou pelas lágrimas.Não fujas desse momento me tocando a boceta, não aceito tocar-me a boceta pra fugir de ti mesma. Fuja com outras bocetas. A minha serve apenas para que nos percamos.
Me sinta, me estilhace, me irracionalize. Não me convide pra histórias que já vivi. Sou uma estudante de história que detesta histórias de ontem.

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