Onde ficaram as nossas promessas?
Em que parte da estante eu guardo os arrepios na espinha?
Com qual marca texto eu ressalto teu bilhetinho
(que ainda não tive a coragem do descarte, e por medo de assaltos, deixo em casa para ler no final de todos os dias)?
Com qual borracha eu apago as tuas impressões no meu corpo?
Qual chá de boldo repara os apertões no fundo da barriga?
Com quantos dedos contos os dias que não virão
Os abraços que não darei
Os beijos pelos quais ninguém mais se interessa

Qual cardiologista visito para abortar esse contrair errante dos ventrículos estúpidos
Contraem contra minha vontade.
Qual nosografia apaga a memória
Faz com que não me afete
Desinfete
Qual sapato calço se meus pés estão pequenos, sumindo no caminho?

Cada passo, mais próxima do cadafalso
Cada tiro, cara a cara com o delírio
Cada parada, uma memória parda
Cada cigarro aceso, o fim dado pelo recomeço
Pra uma, um milhão
Pra outra, nem perdão

Onde ficaram as nossas promessas?
Em que parte da estante eu guardo os arrepios na espinha?
Com qual marca texto eu ressalto teu bilhetinho
(que ainda não tive a coragem do descarte, e por medo de assaltos, deixo em casa para ler no final de todos os dias)?

Amar é jogo difícil

"Quando um não quer, dois não brincam"
Risca essa regra.
Paixão é precipício.
Quando uma ama, ama e ponto.

Não importa onde se é fim ou início.

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