Sim. A dor me arrebenta o peito.
Mas fiz diferente dessa vez: não me escondi nas folhas de mata-borrão, não escondi minhas lágrimas escrevendo, embora escreva com dor.
Sim. A dor me arrebenta o peito.
Não é exagero. Ela realmente arrebenta: é uma dor física.
É ter 4 princípios de infarto por dia.
É não conseguir dormir por horas, rolar na cama, fechar os olhos e vê-la na escuridão das minhas pálpebras. É lembrar de seu toque, é sorrir com as piadas de outros dias.
Sim. A dor me arrebenta o peito.
Não sei controlar essa bosta. Meus dias veem sendo, quando bons, apenas suportáveis. Não me preocupo mais em fingir. Quando fica muito insuportável eu estudo. Estudo como se minha vida dependesse disso para se manter. Estudo como se os livros fossem caverna segura da chuva. Estudo como quem come um prato de comida após jejum involuntário de 92 horas. Estudo na ânsia de enganar meu cérebro. Leio até a exaustão, penso até a exaustão. Poderia dormir logo após tanto exercício mental. Mas não adormeço. E leio novamente.
Sim. A dor me arrebenta o peito.
É uma dor amarga. Que não quero dividir com ninguém. Não quero ver ninguém. Não quero tapas nas costas "Tudo vai ficar bem". O problema de todos vocês é que pensam que sentimentos foram feitos pra passar. Errado. Eles foram feitos pra sentir. E eu os sinto, deveras, pra caralho.
Não iria procurá-la. Prometi a mim mesma. Embora meu peito urre por ela, embora minha intuição me diga que essa ponte verá aguas passarem. Que ponte? A enxurrada levou a ponte, levou as vigas, destruiu a margem através da erosão e eu cai na ribanceira.
Sim. A dor me arrebenta o peito.
Perdi os poucos quilos que tanto esforcei pra ganhar. Perdi o pouco sono que conseguia manter. Todas as noites acordo, muitas vezes, esquecendo dos meus sonhos e sentindo seu cheiro no quarto vazio. Todas as noites eu sonho. Acordo com seu olhar na mente.
Sonho com lembranças. Lembro-sonho com aquele olhar da parada (aquele, se soubesse, teria pego a porra do ônibus sem olhar pra trás, sem pestanejar. AQUELE) e sinto de novo. Como se estivesse ali, me olhando, com aqueles grandes e límpidos olhos de Capitu, olhos de ressaca.
Sinto tudo, sinto ainda, sinto e continuarei sentindo. Com cada fibra, com cada pelo, com cada poro, com cada ml de sangue e com cada alvéolo pulmonar.
Sentirei.
Mas enquanto isso, sinto muito.

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