Viaduto
terra doída rachada ardida Sob os pés de fissurados calcanhares jaz terra ardida Solo de pernas deitadas em feridas acocoradas na merda dobrando a esquina Não é possível transferir a linha pra baixo até vai mas jamais pára acima Os trabalhadores perderam a hora certa de dormir a narina Sete e meia da manhã pisam na grama minha terra doída rachada ardida ardido meu pranto de cimento recolho em baixo do vento Pedaços e milhares, pares e pés, atormento Diminuem o olho pois tem documento Tem fone de ouvido teto e intento O doutor não vê o grão dos olhos dos que tão no relento Chuva pesada inunda a rua transborda excremento Somos ponto de contato vergonha de fato caída no esquecimento terra doída rachada ardida rachando e abrindo escurecendo e engolindo pras entranhas da terra voltamos ao primórdio quando barro água terra corpo e luz dançavam por um momento Mas o filhotinho do papai cobriu impiedosamente o cimento de gélida água inverno Outros tantos anteriores vem,