Maquinaria do diabo, passando e repassando na minha cabeça. Como faz? Como recria? 

Não tenho paciência pra recomeçar.

Nem eu.
Não conseguiria, mesmo se quisesse.
Talvez tenha mentido, não para convencâ-la, mas para reafirmar-me.
Eu quero
Eu quero
Eu quero.
Eu quero?

O único jeito é esgotar a sensação. É esgotar o sentido, é fazer o significante uma peça fraturada, que não transmite nada, da qual os clientes se afastem. É sentir a tal ponto até perder o sentir, até tornar-se vazio. Até esvaziar-se de novo, e de novo e de novo. Como o resto de todos os dias, que são iguais em seus eventos cotidianos e deprimentes. É tornar mais um na coleção dos dias. E como faz? Seguindo a própria fórmula ora bolas!
Pra cada promessa quadrada, pra cada traição de si mesma apenas pela outra e pelo desespero infantil de perder o momento. Pra cada uma delas. Dessas. De todas outras. Um piti. Uma reação descompassada, um jogar a culpa na outra. Chamar de covarde. Não que isso seja mentira. Também não que seja verdade. É apenas relacional. E a minha relação é sempre fria, meticulosa, calculada. Isso não quer dizer que não sinta, que não vibre, que não infle. Quer dizer apenas o que diz. E há, há palavras o suficiente para dizer. Justamente por isso que talvez, realmente, seja melhor eu estar só.

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