Se não escrevo, é como se eu estivesse morta, disse Linspector.
Tão certa e objetiva
Mas escrever é sempre um ato difícil
De botar o indizível na palavra
Pra não morrer sufocada com as coisas que não entendemos
Pra exorcizar o que escondemos nas fotos públicas
Pra enfrentar, cara a cara, o que fazemos força pra ocultar de nós mesmas
Pra conviver de forma honesta com o que enganamos nas mesas de bar
É encontrar seus próprios demônios nas palavras e dizer: você me fere, mas eu te aprisiono na ponta do lápis, somos dois idiotas.
Por isso todo poeta é, antes de tudo, um bom cachaceiro, um demonologista experiente e um poço de futilidades, fundo e povoado.

Comentários