Para ler ouvindo Liniker e os Caramelows


Mas e o medo?
Bom, tá lá né. Mas tá em silêncio.
Silêncio?
Sim. Bem, primeiro foi silêncio. Mas daí me veio uma melodia na cabeça e não aguentei: tive que botar pra tocar.
Qual?
Você fez merda, do Liniker, toda picotada
Como assim?
Assim ó. Assim ela veio: primeiro a melodia tomou de assalto os braço sabe, depois eu identifiquei ela na minha cabeça, e lembrei da letra e pensei nela, mas não era a letra...era só a melodia. Depois, no segundo pedaço, percebi que aquela melodia tava tremendo a minha carne e fazia eu querer teu corpo. Daí ela gritava que o cara ou a mina ou sei lá eu quem ia implorar e pedir pra ver ela, ia confessar que não consegue viver e ela ia dar um gelo, dizer eu sei eu sei só porquê ela não ouviu um eu te amo depois de foder loucamente. No terceiro pedaço me jogaram fora porra, me jogaram pra longe de mim bixo.
Aham
Jogada? Tipo pra fora?
Sim.Sim! Tava tudo vazio em Porto Alegre, e eu endorfinada de ti. Me senti piegas e tive medo.
Mas e o medo também não vem em pedaços?
Depende de quem ganha
Ganha o quê?
Ganha o quê. O quê
Não entendi
Ganha o quê se propôs a dizer, ganha a discussão da assembleia geral que tava rolando na minha cabeça. A mais engomadinha sempre sussurra baixinho no ouvido pra fazer um monte de cenas de clipe passarem lá na tela, manja? Mas ela tava meio rouca. O gemido da Liniker vinha direto no meu cérebro, mas numa parte que mexe direto com o miolo da carne e a minha cabeça voltava lá pra tua cama. Mas foi só esse, e eu esperando os outros pedaços do medo pra mastigar, mas não deu mais nada e eu fiquei tipo q. Mas nada, foi só um pedaço de medo.
.
..
...
Piegas?
Piegas.
Tá...
Não ri não... não lembra do Caio? Que quando a gente se apaixona a gente fica piegas. E eu tava pieguíssima, andando com os braço cruzado mãos na cabeça chorando de felicidade e medo na rua vazia com a Liniker nos fone de ouvido. Piegas pra caralho. Foi quando o medo passou.
Passou é?
Esse sim, e isso me deu mais medo ainda.
E daí?
E daí? E daí que eu fiquei idiotamente sorrindo no ônibus e pensei como tava errada a letra daquela música e como eu ia correr na primeira que tu me chamasse sem pensar muito, e que eu sei disso, eu sei. Eu sei que é receita velha, mas eu sei que ia e fiquei pensando bixo, como pode? Como pode a Liniker querer ouvir um eu te amo depois de foder e só não querer ficar em silêncio curtindo no corpo o corpo da outra no dela. E tinha dado certo cara, minha artemanha pra ver o quanto eu tinha dobrado a esquina, e não ido reto. Eu dobrei. Eu dobrei e dobrei e dobrei e continuei dobrando sabendo que tava dobrando mas no meio do caminhão me dobraram em duas, três, quatro, Para ler ouvindo Liniker e os Caramelows

Mas e o medo?
Bom, tá lá né. Mas tá em silêncio.
Silêncio?
Sim. Bem, primeiro foi silêncio. Mas daí me veio uma melodia na cabeça e não aguentei: tive que botar pra tocar.
Qual?
Você fez merda, do Liniker, toda picotada
Como assim?
Assim ó. Assim ela veio: primeiro a melodia tomou de assalto os braço sabe, depois eu identifiquei ela na minha cabeça, e lembrei da letra e pensei nela, mas não era a letra...era só a melodia. Depois, no segundo pedaço, percebi que aquela melodia tava tremendo a minha carne fazia eu querer teu corpo. Daí ela gritava que o cara ou a mina ou sei lá eu quem ia implorar e pedir pra ver ela, ia confessar que não consegue viver e ela ia dar um gelo, dizer eu sei eu sei só porquê ela não ouviu um eu te amo depois de foder loucamente. No terceiro pedaço me jogaram fora porra, me jogaram pra longe de mim bixo.
Aham
Jogada? Tipo pra fora?
Sim.Sim! Tava tudo vazio em Porto Alegre, e eu endorfinada de ti. Me senti piegas e tive medo.
Mas e o medo também não vem em pedaços?
Depende de quem ganha
Ganha o quê?
Ganha o quê. O quê
Não entendi
Ganha o quê se propôs a dizer, ganha a discussão da assembleia geral que tava rolando na minha cabeça. A mais engomadinha sempre sussurra baixinho no ouvido pra fazer um monte de cenas de clipe passarem lá na tela, manja? Mas ela tava meio rouca. O gemido da Liniker vinha direto no meu cérebro, mas numa parte que mexe direto com o miolo da carne e a minha cabeça voltava lá pra tua cama. Mas foi só esse, e eu esperando os outros pedaços do medo pra mastigar, mas não deu mais nada e eu fiquei tipo q. Mas nada, foi só um pedaço de medo.
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..
...
Piegas?
Piegas.
Tá...
Não ri não... não lembra do Caio? Que quando a gente se apaixona a gente fica piegas. E eu tava pieguíssima, andando com os braço cruzado mãos na cabeça chorando de felicidade e medo na rua vazia com a Liniker nos fone de ouvido. Piegas pra caralho. Foi quando o medo passou.
Passou é?
Esse sim, e isso me deu mais medo ainda.
E daí?
E daí? E daí que eu fiquei idiotamente sorrindo no ônibus e pensei como tava errada a letra daquela música e como eu ia correr na primeira que tu me chamasse sem pensar muito, e que eu sei disso, eu sei. Eu sei que é receita velha, mas eu sei que ia e fiquei pensando bixo, como pode? Como pode a Liniker querer ouvir um eu te amo depois de foder e só não querer ficar em silêncio curtindo no corpo o corpo da outra no dela. E tinha dado certo cara, minha artemanha pra ver o quanto eu tinha dobrado a esquina, e não ido reto. Eu dobrei. Eu dobrei e dobrei e dobrei e continuei dobrando sabendo que tava dobrando mas no meio do caminho me dobraram em duas, três, quatro, cinco, milnovecentosesessenta camadas. E eu chorava de felicidade e o medo sumiu, mas também chorava de raiva.
Raiva?
Eu tinha que ter ido reto. Não tinha que ter virado em esquina nenhuma. Sou bem ruim de localização, e se eu me perder? E se eu me perdi? Eu me perdi
Mas e o medo?
Ele também se perdeu. O clima tava feio, as nuvem tavam tudo zangadas. De repente o medo também ficou meio pistola e Iansã puxou ele pra cima
Tomara.





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