Há um ímpeto de loucura em  cada gesto comedido
Há fúria homicida escondida nos abraços de harmonia
Há pesar de ontem no perdão de hoje
Há perdão de ontem na falta do porvir
Há lágrima interrompida na vista esmaecida
Há vulto sem cor disfarçado de quebra-pudor
Há sempre aquela palavra não dita, sempre esperança de melhora pós-sono, sempre certeza de equilíbrio depois do torpor
Há.
Há festas negadas nas cabeças grisalhas...arrependimento
Há crise geradora em todo poeta desconhecido
E um pouco de mártir em toda voz aumentada
Há um poeta morto de tédio atrás do aplicativo
Alma desesperada em todo site de encontro
Há desventura em todo sonho, frustração e desconsolo para calibrar
Há ajustes no perfeito, arremates no pronto e retoques na tela exposta que ninguém fez
Talvez não se perceba, mas sinta em cada fibra fina que tenta tremer
Há audácia no cotidiano
Rega-se de tédio o exagero
Tempera-se o ócio da labuta infinita, mais-valia da alma que insistem em nos debitar
Há sorrisos dormentes na aura pálida que os aios de sol não tocam
Muitas vidas habitam as cinzas dos cigarros e as pontas-de-dedo cansadas de apertar
Há sebo de vela m potencial em cada sexo conjugal
Chicote impossível escondido em selvas pêlos pubianos
Há porção de estrias invisíveis em cada bunda de top model
Mas há.
Não há.
No existir, há o chamar de lar
Há o fantasma da existência em cada palavra proferida
E um pouco de palavra na miríade de todo latejar


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