A expressão compenetrada
Não é treinada, escapa na respiração dos poros
Entra, esconde, pinta o caos de nevoeiro
Que meus olhos não mostram:
Eu tenho o mundo dentro de mim
E dentro dele, há outros tantos que só eu conheço
Céus borrados por nuvens dançantes
Cores que jorram
Raios que invadem o sol
Fogo que corta o céu
Os astros orbitam meu peito e aceleram a circulação
Dilatam pupilas e expandem brônquios defeituosos
Pele que inflama o pêlo que arrepia
Meus mundos confusos de heterogêneos tons
Bagunceiros e desordenados
Se arrumar, não me perco
Se intervier, perde a paciência
Perde a intimidade
E fica aquela sensação: uma falta de não sei bem o
quê
Angustia sem nome
Tentativas externas de ordenar
As meninas dos meus olhos vestiram-se de pernas e
friezas
Escondendo o caos
Preservando a bagunça
Afastando-a das curiosas
Desde então, durmo acompanhada
Acordo só
Mantenho-me melodiosamente desgrenhada
Sou casa desordenada
Minha casa, minha desordem
A minha morada é múltipla
De mins.
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