Postado no antigo blog e recuperado. Data original de escrita: 20/07/2015



1.    Se temos duas certezas, a do nascimento e a da morte, o meio é meu?

Questão confusa. Podemos partir do seguinte princípio: há certeza.
E como ficaria esse meio que teoricamente é meu, se surrupiada fosse toda e qualquer certeza?
Como fica minha escolha, minha "vida" quando esses dois determinantes certos (o começo e o fim) se liquefazem e deixam de ser factíveis?
Questão difícil. Podemos partir não, não podemos partir. Podemos não, não podemos.
Saiu a certeza da frase com um adeus pesaroso, um adeus pesado e doído. como pensaremos sem certeza?
Questão difícil. Nos permitamos navegar por uma miríade de incertezas: permitamo-nos não fundamentar nada, não triangular nenhuma informação, escapar dos triedros- fórmulas de pensar. Nos, mos, nós. Permito-me, não, não permito-me. E seja permitir, negar ou devanear, que o faça sozinha, sem a amarra do olhar presumido de um outro tão presumido quanto seu olhar judiciário e cortante.

Nos permitamo el lujo de perder la noción del tiempo.

O tempo: superbonder do sentido. Opera através da sensação de ligação entre o que aconteceu e o que acontecerá. Ambas sensações legitimam na seguridade do agora. E se eu flertar em um instante que não se condensa, que não se cristaliza através dessas sensações?
E se por aventura as vozes tortuosas do outro não me afetasse, seu dançasse na esquina com o instante fugaz, fodido e fulminante do não sei como pensar a partir do antes e depois?
Questão difícil. Errata: questão questão.
E de repente, na calada (?) noite, em um quartinho barato de pensão, uma aspirante ao alcoolismo e outras drogadicções faz um jogo sem regras. Esquece, em um golpe sujo e lindo, de amarrar suas ideias na versão final. Elas bailam na folha. Uma maluca, decadente e degenerada sem nenhum brilhantismo entra na disputa. Pura brincadeira. Puro flerte errante. Pura relação orgástica com as ideiais. Puro gozo com a concretude baseada em ilusões no mínimo divertidas.
Questão questão.
Como ficam as racionalidades mesquinhas e lombriguentas, cujos pilares mofam nas certezas, hoje, amanhã e o póstumo, isso aquilo, aquilo aquele aquela, velho sentido de tempo que amputa a libido do pensar como uma artista de circo.
Rupturas.Difíceis e necessárias rupturas.
Romper com a língua, com o dialeto, com o léxico, com a gramática. Não corrigir porra nenhuma do que se escreve. Não corrigir porra nenhuma do que se lê. Foda-se a sintaxe da frigidez. No rascunho vive-se a liberdade. Fugaz, escorregadia, volátil, líquida, sólida, gasosa e incontrolavelmente prostituível.
Ruptura com a realidade regrada regada reguada.Milimétrica. Sifilítica acimentada nos muros do saber (sic). Paga-se caro pela prisão das mentes. Deseja-se enclausurar esse fenômeno curioso que tira o sentido.Paga-se pelo início (sic) cedo. Porque as peçoas naum sabeim uzar os por ques? Antes da fala, do pensamento, da alimentação, da descoberta das ações, das sensações, começa o encaixotamento do pulso, da batida e do susto. Mata-se o arrepio.
Questão questão de rupturas difíceis.
Os exércitos não aceitarão as rupturas. Dirão que é falta de sistema, de agencia, de emprego, de trabalho, de sistema, de sistema de agencia, sistema de emprego, sistema de trabalho. Reduzirão a questão questão. Tornarão- la questão difícil. Dirão que não existe ruptura, pois o tempo é continuo. Dirão que existe um ligar-se constante e incontrolável de um sistema ação-tempo antes- depois. Dirão que faltam as vírgula e as pontuações afinal de contas como assim pretende-se quebrar isso que postulas O mortal como paradoxo mentiroso se não sabes ao menos usar a porra da pontuação Dirão louca e rebelde, dirão prolixa, dirão puta chinelona . Dirão semi analfabeta. Perguntarão se a mãe não ensinou a leitura do relógio e de seus signos, do espelho e seus reflexos. Perguntarão em que parte esqueceram de mencionar o Jean Piaget. Dirão e serão ouvidos pois seus dizeres foram regrados regados reguados na seriação-classificação que torna os seres aprisionáveis em si mesmos. Existe o outro, entretanto a prisão de si é sempre mais dolorosa, pois há dolo intenso com pinceladas de auto- flagelo. Dirão e serão ouvidos pois passarão a limpo um rascunho mentiroso e cagado, coberto de fezes. Dirão pois dizem com o mesmo orifício de expelir tristezas certezas, tão tristes e tão certas.

Fica mais fácil. Da questão questão de rupturas a questão difícil de libertadora verdade. Qual verdade? Que o meio é meu. Que só existem duas certezas: o nascer e o morrer. Que estamos, que somos, e que morreremos após longo tempo estando e sendo.

E de repente, na calada (?) noite, em um quartinho barato de pensão, uma aspirante ao alcoolismo e outras drogadicções faz um jogo sem regras. Esquece, em um golpe sujo e lindo, de amarrar suas ideias na versão final. Elas bailam na folha. Uma maluca, decadente e degenerada sem nenhum brilhantismo entra na disputa. Pura brincadeira. Puro flerte errante. Pura relação orgástica com as ideias. Puro gozo com a concretude baseada em ilusões no mínimo divertidas. Suas palavras não são mais palavras, não foram cozidas. Não importa o quanto ela brade: Não existe morte, seu bando de ilusionados ilusionistas!

Questão difícil.

A heroína fictícia será empurrada. Terá de provar, pois nem mesmo o léxico frígido é suficiente. Vai lá. Prova pra eles que a morte não existe. Ao provar, ao aceitar, ao dançar, ao flertar, rendeu-se o pensamento. De nada adiantará tal atitude, pois foi roubada, embaraçada, refinada no tanto e no como. Precisou passar pela peneira. Não conseguiu escapar.

Questão difícil essa das genialidades retardadas que morrem antes de nascer. Ou não?


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