Para uma Proto Poesia

Projeto sem nenhum horizonte em alvo
Sem metas modulantes
Sem objetivos objetivos
Apenas como caminho percorrido de poesiar
De expurgar de si para si
De outro para outro
Toda a complexidade do Universo dentro de sua autora
Não para resolver algo, não para pôr questões
Mas para trazer, à luz da língua, toda a ignorância de quem tem
Alma afoita de poeta
Peito pesado de guerreiro
Coração ardente de amante
Cuidados à minúcias de esposa
Inquietações de filósofo peripatético
Selvageria de canibal

De quem não sabe ser nada além de intensidade
De quem está por aprender a amar
Mas que o sofre por sentir, em cada fibra
De quem se apaixona
De quem fala mais do que devia
Mas não fala o indispensável

Sem a disciplina de estoica que me seria indispensável
Sem temperança
Só com possibilidades em aberto
Com o corpo por escrever
A quem quiser ler.

Ou não.

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